segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sobre o amor


Como seria mais fácil se pudessémos determinar o amor...Determinar o amor seria um processo, uma coisa, uma metodologia. O que há de mais prático do que uma metodologia? O que há de mais exato nisso? Como determinar o que sinto quando a alma não consegue determinar? Como determinar o que penso quando de tão entorpecida não consigo pensar? Que sofrimento não controlar o coração acelerado, o riso fácil, a vontade do beijo, do cheiro...E por que controlar? Por que querer estar acima de ? Não são só meninos que aprendem desde pequenos que "homem não chora", meninas também aprendem que "mulheres inteligentes não podem se deixar levar".

domingo, 6 de setembro de 2009

Aflições da minha Alma


Sinto-me aflita...Não quero me sentir assim, mas não consigo. Algo queima dentro de mim. Minha mente é e está permeada de achismos, fantasias, devaneios...Desejo algo por muito tempo, quando está próximo, o que deveria ser um prazer torna-se um martírio. Tudo fica turvo, cinza escuro, uma água densa, cheia de lama após a revolta de um rio. Quando vou me encontrar? Por que quero me encontrar? Não sei porque quero tanto! Não deveria...Deveria apenas ser, estar. O medo me ronda. Medo do passado, do futuro, do outro, de sofrer pelo outro. Como gostaria de ser desprovida de tal capacidade. Gostaria de poder determinar o amar, o querer, o ser como determino qual livro comprar. O controle, esse é o meu problema. Como gosto do controle. Como me sinto bem quando tudo está sob controle, desde que esse controle seja meu. Controle que cerca minha alma, permeia minhas ideias, tira minha lucidez, me faz perder aquilo que sempre desejei.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Mais uma segunda-feira


Todas parecem iguais...Mas quando chega a sexta, vejo que não são. O que me motiva a levantar em uma segunda bem cedo, iniciar a rotina, passear com o cachorro, vir trabalhar...Agora, pela segunda de manhã não sei...O que espero de mim? O que espero dos outros? Será que espero muito mais dos outros do que de mim?? Se isso for verdade, não gostaria que fosse assim! Ninguém pode dar nada ao outro a não ser aquilo que ele julgar que pode e deve ser dado. Por que esperar muito de alguém que não pode dar nada? Por que alimentar que uma nova segunda-feira pode "brotar" no outro a vontade de doar? Segundas são segundas, uma após a outra, pelo menos até que a terça, a quarta, a quinta, etc provem o contrário.

sábado, 29 de agosto de 2009

Sobre a solidão...


O que é a solidão ?

É uma dor na alma muito profunda...chega a dar a impressão que você tem um abismo dentro de você. É pensar no que foi e não volta mais, é projetar aquilo que não pode ser mais projetado, é planejar, sonhar, sem ter o que sonhar. Não há perspectiva...É tudo inútil...Tudo rápido, passageiro, imaginado e sem controle. Se a solidão tiver cor, ela é cinza. Se solidão tiver temperatura, ela é gelada. Se solidão tiver som, ela simplesmente é afônica. Quantos estão como eu agora? Quantos não conseguem se encontrar? Quantos se questionam, se cobram? Quantos estão imersos nesse vazio? Nesse vulto gelado e cinza? Quantos?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Não gostaria de ter visto isso...


Outro dia lendo um livro de Zygmunt Bauman fiquei atordoada e ao mesmo tempo um pouco mais infeliz sobre uma de suas constatações...Era algo mais ou menos assim: alguns seres humanos são considerados tão inúteis a sociedade da modernidade tardia, tão sem valor e propósito que um depóisto de lixo supera a sua importância. Pensei por horas e dias a respeito (é claro que não fiquei petrificada pensando, mas pensava no trânsito, nos momentos de solidão, nas caminhadas...) sobre o que Bauman nos alerta...Infelizmente, as constatações deste estudioso são horrorosamente verdadeiras...Um depósito de lixo tem grande valia a humanidade, à sociedade produtiva. O lixo pode ser reciclado, pode se tornar mercadoria, possue uma eminente nova vida de consumo. E os seres humanos que vemos nestas fotos? Qual é a serventia que tem ao mercado, ao consumo, ao desenvolvimento econômico? Ao me deparar com esta foto e observar esse rosto sofrido de um menino com poucos anos de vida, mas muitos de sofrimento, só consigo me perguntar: O que será dele há alguns anos? O que será de nós?

Fonte da fotografia: site www.ig.com.br - Desapropriação de terreno em Capão Redondo - S.P.